- filha, olha o que achei em uma das páginas
- não acredito, mãe. é o q estou pensando? a florzinha q vc guardou?
- é. já está seca. e eu sabia q a hora de ler isso pra vc chegaria. a vovó sempre guardava uma florzinha dentro de um livro, quando essas coisas aconteciam... até secar...
- eu sei. aprendi com ela e fiz, mas ainda não achei novamente.
- vc quer saber em que parte guardei?
- aham...
- " aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis."
(uma pausa para os olhos cheios de lágrimas...das duas)
- foi na hora mais certa da sua vida. eu sabia q isso um dia te ajudaria. acabei de ler o livro e escolhi esta página para deixar a flor secar e com ela pelo menos parte da sua tristeza. não poderia aparecer em melhor hora. vc tomou a decisão certa!
-mãe, minha tristeza não passou, mas o projeto impossível chegou. ele estaria orgulhoso de mim.
- certamente. e, ele está.
eu não gosto muito dos livros de auto-ajuda, mas confesso que procurei e até li trechos, ou alguns livros inteiros dessa categoria, em um dos piores momentos da minha vida. eu li junto com a minha mãe "perdas e ganhos", da Lya Luft. gostei. é leve, maduro e sem exageros. li há um ano e quatro meses. hj ela pegou o livro novamente para achar algumas frases para uma dinâmica na escola. foi uma surpresa, que nos emocionou demais e pudemos dividir juntas. e me assegurei mais ainda da minha decisão.
eu voltei algumas páginas e reli uma frase que ficou na minha cabeça por muito tempo e hj posso dizer com toda a certeza do mundo, que é uma grande verdade:
" ... mas a perda do amor levado pela morte é a perda das perdas."
